quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Navarātri 2019

Todas as Glórias à Śrī Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!
Todas as Glórias à Śrī Mahādeva!
Todas as Glórias à Śrī Bhagavan!
Todas as Glórias à Śrī Śakti Devī!
Todas as Glórias à Śrī Śrī Durgā


Śrī Durgā

No dia 29 de setembro inicia-se o Navarātri de 2019.

Navarātri, em sânscrito, significa, literalmente, nove noites. É um festival que ocorre anualmente, desde muito tempo na Índia, dedicado primariamente à Śrī Durgā.
Dentro desses 10 dias, e nove noites de festividades, onde a Senhora Durgā é louvada e reverenciada em nove formas em que ela se manifesta, há alguns aspectos específicos de cada dia que descreveremos abaixo:

No dia 4 de outubro, se dá Śrī Saraswati Avahan, o primeiro dia do Navarātri em que a Senhora Saraswati recebe oferendas e é invocada.

No dia 5 de outubro se dá o Śrī Saraswati Pradhan Pūjā, o segundo dia de Śrī Saraswati no Navarātri e também o principal dia da Senhora do conhecimento dentro dessa festividade.

Śrī Saraswati Devi


No dia 6 de outubro se dá o Mahastami, ou Durgashtami, o segundo e um dos mais importantes dias de culto à Senhora Durgā. Tradicionamente, em algumas localidades da Índia, jovens não casadas são cultuadas e tratadas como a própria Senhora Durgā, no que se chama de Kumari Pūjā (Kumari refere-se a um dos nomes da senhora Durga em que se ressalta sua pureza).

Nesse mesmo dia, também se dá o Maha Navami, o terceiro dia e último dia de Pūjā para Senhora Durgā. Neste dia especificamente a Senhora Durgā é louvada enquanto Mahisasuramardini, ou seja, aquela que aniquilou Mahisasura, o demônio Bufalo que representa a ignorância.

No dia 8 de outubro se dá o Vijayadashami, onde se celebra o trinfo da Senhora Durgā sobre o Mahishasura. Neste dia também se comemora a vitória do Senhor Rāma sobre o demônio Rāvaṇa.

Śrī Durgā


Indicamos abaixo as invocações mântricas referentes a Senhora Durgā para este período auspicioso de adoração:

श्रीदुर्गा
śrī durgā

गायत्री  
gāyatrī (métrica de 24 sílabas, usualmente utilizada na invocação das Deidades)

 कत्यायिन्यै विद्महे
कान्यकुमार्यै धीमहि ।
तन्नो दुर्गा प्रचोदयात् ॥


oṃ katyāyinyai vidmahe
kānyakumāryai dhīmahi 
tanno durgā pracodayāt 

“Contemplamos Aquela que é filha da perfeição,
Meditamos na Menina Pura.
Reverenciamo-nos à Inaccessível, para que nos ilumine com sabedoria.”

बीजमन्त्र
bījamantra (contém a sílaba mística raiz da Deidade – para ser repetido 108 vezes na contagem da japamālā)

 दुं दुर्गायै नमः


oṃ duṃ durgāyai namaḥ


Reverencio-me à Inacessível, à Invencível.





Minhas mais humildes e sinceras reverências.


segunda-feira, 2 de setembro de 2019

ॐ Navarātri - Satsaṅgas à Śrī Durgā e Śrī Mahākālī

Todas as Glórias à Śrī Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!
Todas as Glórias à Śrī Mahādeva!
Todas as Glórias à Śrī Bhagavan!
Todas as Glórias à Śrī Śakti Devī!
Todas as Glórias à Śrī Śrī Durgā e à Śrī Śrī Mahākālī!

Neste mês de setembro, nos Templos Polimata de Boituva, Mairiporã , Campinas e Jundiaí, celebraremos o esplendoroso Navarātri em nossos Satsaṅgas. Trata-se do festival das nove noites (nava, nove; rātri noite, em sânscrito). As formas e datas de celebração deste festival variam regionalmente na Índia. No entanto, o mais celebrado deles é o Sharada Navarātri, comemorado entre os meses de setembro e outubro. Neste caso, as manifestações femininas são o centro das festividades.

Śrī Durgā e Śrī Kālī


O culto à Deusa, Devī, passou por diversos momentos dentro da história do hinduísmo, desde sua era pré védica (há cerca de 4.000 anos atrás) até o seu momento atual, após ter passado por muitas reformas e mudanças.

Ainda que ele existisse desde períodos mais remotos e em contextos próximos a uma realidade tribal, e mesmo posteriormente de forma mais estrita e regionalizada, o culto à Deusa desenvolveu-se de forma mais evidente a partir do surgimento dos Purāṇas (“antigos”, em sânscrito), escrituras sagradas que são mais acessíveis para as castas não sacerdotais.


Nesse sentido, destaca-se Śrī Durgā (“inacessível, invencível”), como uma das principais deidades femininas dotadas de atributo dentro do culto à Deusa. Inicialmente, Ela é identificada sozinha, e não como consorte de algum outro deus, com papel secundário. Posteriormente, após um processo de sincretização, ela é identificada enquanto uma das manifestações de Śakti (potência, força, energia Divina).

Śrī Durgā aparece dentro das escrituras sagradas no devīmāhātmyam, um dos textos presentes no Markandeya Purāṇa, em que se descreve Devī enquanto o poder supremo e criador do universo.

Śrī Durgā

O texto narra também diversas batalhas entre os Devas e os Asuras. Nesses casos, de forma recorrente, os desequilíbrios só conseguem ser superados e as batalhas vencidas através da invocação de Śakti, quando os Deuses não mais conseguem sair vitoriosos.

Conforme descrito no Devī Māhātmya, versos 54-60, traduzidos por João C. B. Gonçalves.

Tu és Svāhā! Tu és a oblação! Tu és a exclamação Vaṣat! És a essência da linguagem! Tu és o néctar! Tu estás nos três tempos da sílaba eterna! Mesmo eterna, tu estás no meio tempo, que soa indistintamente. Tu és a própria Sāvitrī, tu és a suprema deusa mãe| Por ti tudo isto se sustenta. Por ti este mundo é criado. Por ti é protegido, ó Deusa, e no final é sempre destruído! Com a forma criadora na origem, com a forma sustentadora na proteção, e com a forma destruidora no final deste mundo, ó mayā do mundo! A grande sabedoria, a mahāmāyā, a grande inteligência, a grande memória, a grande inconsciência, tu és a Grande Deusa, a grande soberana!Tu és a prakṛti, e tens o poder total sobre os três guṇa. Tu és a noite dos tempos, tu és a grande noite, és a violenta noite da inconsciência! Tu és Śrī, Īśvarī, tu és a modéstia, tu és a consciência caracterizada pela cognição. Tu és a vergonha, tu és a opulência, assim como a alegria, a tranquilidade e a paciência! ”

É através deste profundo clamor que a Deusa é colocada como superior à Trimurti (trindade Brahmā-Viṣṇu-Śiva), embasando a tradição Śakta, que coloca Śakti (a Deusa) como a figura central do panteão hindu.

Ainda no contexto do devīmāhātmyam, Śrī Kālī manifesta-se durante uma das mais intensas batalhas contras o Asura Mahiṣāsura, o demônio-búfalo que representa o egoísmo e a ignorância, que derrotou o rei dosdevas, o Senhor Indra, e usurpou o controle do plano celestial.

Durante a batalha de Śrī Durgā contra Cānda e Muṇḍa, Asuras que personificam a paixão e a ira, respectivamente e que eram grandes generais de Mahiṣāsura, Śrī Kālī manifesta-se a partir da fúria de Śrī Durgā, conforme descrito no Devī Māhātmya:

"Das sobrancelhas de sua testa brotou imediatamente Kālī, com sua face assustadora, carregando espada e laço. Ela portava um estranho bastão coroado por um crânio e tinha uma guirlanda de cabeças humanas, estava envolta em uma pele de tigre, e parecia horrorosa com sua pele macilenta, sua boca escancarada, aterrorizando com sua língua para fora, com olhos afundados e vermelhos, e uma boca que enchia os quatro cantos com rugidos."

Com grande violência e sem qualquer dificuldade, Śrī Kālī decapita Cānda e Muṇḍa, que lhe dá o título de Cāmuṇḍā, elevando-a ao nível de uma mātṛkā (Divina Mãe).

Śrī Kālī


Neste episódio, ocorre a famosa batalha contra o demônio Raktabīja – cujo nome significa “semente de sangue” – que tinha o poder de multiplicar-se para cada gota de sangue sua que tocasse o solo. Para derrotá-lo, Śrī Kālī bebe o sangue das feridas abertas antes que este chegasse ao chão.

A forma como se concebe Kālī é muito antiga e tem se modificado com o passar de diversos contextos históricos. Na região do vale do já extinto rio Sarasvatī, há registros de um conceito de conflito da dualidade entre o selvagem e o domado há mais de 4.000 anos que remete à Kālī. Há também referências à Ela em diversas escrituras védicas, desde os Vedas aos Purāṇas.

Ligada à direção do sul, menos auspiciosa, tradicionalmente identificada com Yama, deus da morte, é indicada como uma das versões “primitivas” de Śrī Kālī, que possui uma representação registrada posteriormente como Dakṣiṇakālī (que pode ser livremente traduzido como “a que vem do sul”).


Todavia, o mistério de Śrī Kālī simultaneamente transcende e envolve todas as diferentes visões sobre sua origem. Mesmo assim, há alguns aspectos que não divergem: a sua cor é negra; ela está sempre nua, ainda que use ornamentos; um terceiro olho na testa que emite fogo, uma língua esticada e uma boca suja de sangue que quando se expande engole uma infinidade de demônios; usualmente uma de suas mãos está em abhaya mudra, representando o destemor, a ausência de medo.

No macrocosmos, Mahākālī é a potência feminina do tempo (kāla), que move o universo manifesto e tudo devora. A Escura Mãe (“Dark Mother”, como é popularmente conhecida em inglês) é a eterna energia da evolução, cujas ações gradualmente manifestam as possibilidades divinas. Demonstra que as sucessivas mortes são o caminho para a imortalidade, e que sua escuridão é o momento que precede a aurora.


Ela reside os campos de batalha enquanto Cāmuṇḍā e quando não está em batalha reside os crematórios sob a forma de Śmaśāna Kālī, onde Ela tudo dissolve.

Kālarātri - A noite cósmica



Invocações mântricas para o ritual:

श्रीदुर्गा
śrī durgā

गायत्री  
gāyatrī (métrica de 24 sílabas, usualmente utilizada na invocação das Deidades)

 कत्यायिन्यै विद्महे
कान्यकुमार्यै धीमहि ।
तन्नो दुर्गा प्रचोदयात् ॥


oṃ katyāyinyai vidmahe
kānyakumāryai dhīmahi 
tanno durgā pracodayāt 

“Contemplamos Aquela que é filha da perfeição,
Meditamos na Menina Pura.
Reverenciamo-nos à Inaccessível, para que nos ilumine com sabedoria.”

बीजमन्त्र
bījamantra (contém a sílaba mística raiz da Deidade – para ser repetido 108 vezes na contagem da japamālā)

 दुं दुर्गायै नमः


oṃ duṃ durgāyai namaḥ


Reverencio-me à Inacessível, à Invencível.


श्रीमहाकाली
śrī mahākālī

गायत्री  
gāyatrī

ॐ कालिकायै विद्महे
श्मशानवासिन्यै धीमहि ।

तन्नो काली प्रचोदयात् ॥

oṃ mahā-kālyai ca vidmahe
śmaśāna-vāsinyai ca dhīmahi 
tanno kālī pracodayāt 

“Contemplamos Aquela que é o tempo e a escuridão
Meditamos n’Aquela que reside nos crematórios
Reverenciamo-nos Àquela que possui cor escura / que devora tudo como o tempo, para que nos ilumine com sabedoria.”

दक्षिणकालिका बीजमन्त्र
dakṣiṇakālikā bījamantra

ॐ क्रीं क्रीं क्रीं हूं हूं ह्रीं ह्रीं दक्षिणे कालिके ।
क्रीं क्रीं क्रीं हूं हूं ह्रीं ह्रीं स्वाहा ॥


oṃ krīṃ krīṃ krīm hūṃ hūṃ hrīm hrīm dakṣiṇē kālike
krīṃ krīṃ krīṃ hūṃ hūṃ hrīṃ hrīṃ svāhā


“Aquela que move o corpo sutil à Infinita Perfeição e além, corte-me o ego!
Ofereço minhas oblações à Mãe que dissolve a escuridão através da Potência Divina,  que move o corpo sutil à Infinita Perfeição e além, corte-me o ego!”


Nossos satsaṅgas com Ayahuasca à Śrī Durgā e Śrī Mahākālī acontecem nos próximos sábados, dia 07/09,no Templo Polimata de Boituva, no dia 14/09  no Templo Polimata de Mairiporã e no Templo Polimata de Jundiaí e dia 21/09 no Templo Polimata de Campinas, a partir das 19h.

Siga a programação no Facebook da Agenda Polimata.

Ingressos antecipados no site da Ordem Polimata.

Todas as Glórias à Śrī Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!

Todas as Glórias à 
Śrī Śrī Durgā e à Śrī Śrī Mahākālī!


Agradeço grandemente e de coração ao irmão Yuri pelas bases e referências proporcionadas para esse texto e para a minha devoção de forma geral.

Para um maior aprofundamento no tema, acesse outros textos aqui.


Minhas humildes reverências.




domingo, 1 de setembro de 2019

Śrī Gaṇeśa Chaturthi 2019

Todas as Glórias à Śrī Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!
Todas as Glórias à Śrī Mahādeva!
Todas as Glórias à Śrī Bhagavan!
Todas as Glórias à Śrī Śakti Devī!
Todas as Glórias à Śrī Śrī Mahāgaṇapati!


Śrī  Ganapati



Neste 2 de setembro de 2019, comemora-se mundialmente o Gaṇeśa Chaturthi, o aniversário do Senhor Gaṇeśa. Neste dia auspicioso, tradicionalmente se adora Śrī  Ganapati enquanto Aquele que nos traz sabedoria e prosperidade.

Nesta data, se inicia o Ganeshotsav, uma festividade de dez dias dedicada à Śrī Ganapati. No último dia, após uma procissão com a uma Murti de Śrī Ganapati, os devotos imergem a imagem de Śrī  Ganapati em água.

Durante o Gaṇeśa Chaturthi, no dia 2 de setembro, além do processos devocionais, de adoração, jejuns, entre outros, recomenda-se aos devotos para que não olhem para a lua durante todo o dia e noite. Conforme escrito em alguns Puranas, olhar para a lua nesse dia específico causa que a pessoa seja falsamente acusada de roubo (desonrada injustamente perante a sociedade).

Isso se deu devido ao episódio em que Śrī Kṛṣṇa foi falsamente acusado de ter roubado a famosa e preciosa joia conhecida como syamatanka. Ao ver Śrī Kṛṣṇa nessa situação, o sábio Narada explicou à Ele que isso ocorreu por Ele ter olhado para a lua durante o Gaṇeśa Chaturthi. Dessa forma, Śrī  Ganapati amaldiçoou Śrī Candra (a lua enquanto deidade, que é masculina dentro do hinduismo). Dessa, todos os que olharem para a lua nesta data sofrerão o mesmo tipo de desonra sofrida por Śrī Kṛṣṇa. 


Celebração do Ganesh Chaturthi em Goa - Índia



Outra versão existente relativa à recomendação de não olhar para a lua durante o Gaṇeśa Chaturthi remonta à história em que Śrī Ganapati estaria andando em sua montaria, um rato, enquanto ia em direção para sua morada, após um banquete oferecido por Śrī Kubera. No meio do caminho, Śrī Ganapati cruzou com uma cobra, o que assustou muito sua montaria, fazendo com que ele caísse de estômago no chão, vomitando parte do que havia comido no banquete. Ao se deparar com essa situação, Śrī Candra riu, pois estava vendo tudo naquela noite de lua cheia. Devido à injustiça dessa situação, Śrī Ganapati amaldiçoou Śrī Candra, de modo que ninguém olhasse para ele por um dia, com o intuito de ensinar uma lição à Śrī Candra sobre sua vaidade, característica marcante dessa deidade.

Invocações mantricas para o processo devocional referente ao Senhor dos Ganas:



श्रीगणेश
Śrī Gaṇeśa

गायत्री
gāyatrī

ॐ एकदन्ताय विद्महे
वक्रतुण्डाय धीमहि ।
तन्नो दन्तिः प्रचोदयात् ॥

auṃ ekadantāya vidmahe
vakratuṇḍāya dhīmahi 
tanno dantiḥ pracodayāt 

Contemplamos aquele que possui uma única presa,
Meditamos por compreensão n’aquele que tem a tromba curvada
Reverenciamo-nos àquele que possui presas, para que nos ilumine com sabedoria.

बीजमन्त्र
bījamantra

ॐ गं गणपतये नमः

auṃ gaṃ gaṇapataye namaḥ



Reverenciamo-nos ao Senhor dos Gaas.


Minhas mais humildes reverências.