Louvor aos Orixás - Yemanjá
YEMANJA
Yèyé omo ejá ("Mãe cujos filhos são peixes")
Orixá Yemanja se coaduna com as teorias científicas evolucionistas de que a vida surgiu no oceano, sendo esse seu campo de força. Ela tem sob sua regência, dentro da ótica divina dos orixás, a maternidade, a criação e a geração. Assim como no macro toda a vida começou na água, na cosmologia divina também encontramos a mesma origem. A água em sua simbologia geralmente se refere as emoções, ao feminino e a processos inconscientes. Em suma, essa Yabá tráz todos esses aspectos em sua simbologia, pois representa a memória humana da origem da vida, trazida no inconsciente por cada ser, de que de alguma forma saimos do mar, do amor da mãe divina.
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Dessa forma, Yemanjá atua diretamente em tudo aquilo que o ser humano, em sua condição de encarnado, tem como sua criação e geração. Ela é protetora dos lares e das famílias, das mães, mas não se limita nessa questão de maternidade literal, na qual dois seres humanos geram uma terceira vida. Ela atua na maternidade em sentido amplo, no amor incondicional à humanidade e por essa razão é comumente representada com os braços abertos, de forma a simbolizar sua receptividade irrestrita. É o orixá que não se limita a dar origem à toda forma de vida, mas que também acolhe, ampara e protege a todos.
Ainda sobre a simbologia de seu campo de força, o oceano, temos que o mar é conhecido por Calunga Grande, ou seja, o grande cemitério. As calungas menores são os cemitérios humanos em terra. Sendo dessa forma, quem rege o trono oposto à Yemanja, sendo seu parceiro no polo negativo, é orixá Omulu, que em parceria divina paralisa e neutraliza os fatores que atentarem negativamente contra a vida ou usarem os poderes de criação e geração contra as leis divinas. Esse fator é explicado em partes, por exemplo, pelo sal grosso na água marinha. O sal grosso, dentro da umbanda, é capaz de retirar e neutralizar todos os tipos de energia. Nesses termos, temos na movimentação ondina constante que o mar tem a força de puxar e devolver incessantemente, criar e neutralizar, dar o bem e sugar o mal, nos auxiliando nesse plano terrestre em nível energético, sendo capaz de gerar grande serenidade e equílibrio com sua irradiação.
Em alguns momentos, temos que a mãe divina é representada como Mamãe Sereia, criatura mítica que é metade mulher, metade peixe. O peixe, para o entendimento dentro dos orixás, é visto como representação de fecundidade, aquele que se movimenta com domínio pelas àguas, que simboliza fartura ebusca espiritual pela origem e destino da alma, natural de todo ser que inicia o processo da inconsciencia para a consciência. Representa também a Mãe Virgem, aquela que é a origem de todas as coisas, e que portanto gera em sí e para si mesma a vida.
Em resumo, a atuação de Yemanja simboliza a espiritualidade e sua busca em seu sentido mais maternal, o aspecto feminino do Deus criador, que gera a vida em sí mesma para que ela se desenvolva e para si mesmo retorne. Por isso, ao se trabalhar na irradiação desse orixá, aspectos inconscientes de memória e emocionais, questões referentes à maternidade, busca espiritual, processos criativos e neutralização de desequilibrios energéticos podem ser trazidos à baila.
***Texto Escrito por: Beatriz Mazzini
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