terça-feira, 27 de março de 2018

Hasteamento da bandeira de Śrī Hanumān
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Śrī Mahāvīra (o Grande Herói) é uma manifestação de Śrī Rudra (uma das infinitas faces de Śrī Śiva), que encarna como um macaco superpoderoso, cuja missão é proteger e ajudar Śrī Rāma, uma das mais famosas encarnações de Śrī Viṣṇu, que personifica o Dharma. Este conceito, em seu significado mais puro, sem a distorção dos interesses políticos ao longo dos séculos, é definido pela cultura hindu como "aquilo que sustenta, que mantém". É a força da Verdade que eleva e liberta, é o fluxo de amor que rege o Universo e que promove o equilíbrio entre todas as almas.
Sendo assim, é uma Deidade que representa a transcendência das limitações mundanas e a vitória diante das adversidades mais delicadas.
De acordo com a tradição, aqueles que recebem o auxílio de Śrī Saṅkaṭa Mocana (“aquele que dissipa o sofrimento”), jamais saem derrotados de suas batalhas. Como exemplo, temos o caso de Arjuna, que junto com Śrī Kṛṣṇa, protagoniza o enredo da Bhagavad-Gītā, canção divina que narra uma das maiores guerras já travadas neste planeta: a batalha de Kurukṣetra. Neste, a quádriga na qual Śrī Kṛṣṇa leva seu primo e devoto Arjuna ostenta triunfante a bandeira do Macaco Divino, anunciando sua vitória antes mesmo do início do confronto.
Portanto, o hasteamento da bandeira do Grande Herói em nossos templos representa a determinação, a força e a garra com as quais iniciamos nosso ano novo astrológico. Estamos ainda mais preparados para servir ao amor divino e todas as suas manifestações neste e em todos os planos, com a plena certeza que superaremos a nós mesmos a cada passo, com amor, coragem e união.
ॐ हं हनुमते रुद्रात्मकाय हुं फट्
auṃ haṃ hanumate rudrātmakāya huṃ phaṭ
Em uma livre interpretação: “Ó, Śrī Hanumān, encarnação de Śrī Rudra, clamo pela elevação da mente através do Supremo (haṃ) e pela transmutação imediata do ego através do Fogo Divino (huṃ)”.
Conta-se que o mantra mencionado acima foi passado pelo próprio Śrī Śiva à Śrī Kṛṣṇa, que o concedeu à Arjuna como sua principal arma na fatídica batalha de Kurukṣetra.



segunda-feira, 26 de março de 2018

Voo do Condor/ Ritual de San Pedro

A cerimônia do "Voo do Condor" é realizada por meio da consagração da medicina San Pedro, também conhecido como Wachuma, um cacto originário dos Andes. 
Chamando as forças das Montanhas e unindo nosso coração aos nossos Abuelos,com o auxílio dessa poderosa e tão sagrada medicina, que nos conduzirá nesta jornada em busca de conhecimento, cura e realização, com nossos cantos e nossos rezos. Uma noite muitíssimo especial.
Aho Metakiase !

Valor: 150,00

RECOMENDAÇÕES
Antes de frequentar os rituais do Templo, recomendamos que evite consumir carnes e bebidas alcoólicas por um período mínimo 24 horas.
Traga cobertores, colchonetes de camping ou sacos de dormir e travesseiros.
Dúvidas Frequentes >> www.ordempolimata.com.br/duvidas

LOCAL E INFORMAÇÕES
Templo Polimata Campinas - SP
Rua Amélia Rodrigues de Figueiredo, 850
(antiga rua Peroba pelo Waze)
- Chácara Vale das Garças - Campinas
Telefone do Templo: (19) 3287-1287
(11) 99801-6255 (WhatsAppTemplo Polimata Campinas - SP
Cura ancestral no contexto cultural da modernidade.
Texto: Raony Dubas- Dirigente do Templo Polímata Boituva
 
   Os vídeos a seguir evidenciam uma prática ancestral, contextualizada para uma realidade mais urbana e brasileira, tendo o cristianismo como pano de fundo sustentador do processo de cura e assistencialismo quanto agente promotor de saúde (principalmente do ponto de vista das energias mais sutis que influenciam o dia-a-dia mais grosseiro do ser humano). A prática das benzedeiras e erveiras, neste contexto, pode ser visto como uma herança ancestral dos antigos pajés, curadores, brujos, e outros nomes que designam aquele indivíduo que atua como promotor de saúde dentro de uma comunidade sem fazer, necessariamente,  o papel de médico tradicional moderno.
  Suas práticas de cura não excluem o tratamento médico convencional, pelo contrário, funcionam potencializando a eficácia e, em alguns casos, podendo influenciar de uma maneira sútil a progressão do tratamento para que seja interrompido antes do previsto e ou em casos até desacreditados pela ciência convencional, os ditos "milagres" e "libertações" se encaixariam nestes casos. Seus "aparelhos médicos" nada mais são que uma fé inabalável, amor ao próximo sem distinção, a inspiração das energias da natureza e a mente firme no propósito e no caminhar, assim conseguem, através do rezo, do benzimento, o alívio e o auxílio ao irmão que pede ajuda, seja ela qual for.

 
1. Documentário do Canal Futura apresentando as benzedeiras de uma comunidade próxima a Belo Horizonte e o seu saber e sua forma de prática

2. Documentário paranaense sobre benzedeiras do interior do estado mostrando suas práticas e a reforma da auto-estima dessas pessoas como, legalmente, agentes de saúde e portadoras de um conhecimento ancestral (em alguns estados esse ofício é legalizado por lei com associação de benzedeiras, erveiras e afins.)

3. Voltando para Minas Gerais este vídeo mostra as práticas de rezadeiras do interior do estado contando um pouco da história e suas experiências.

  Esse ofício nos, dias atuais, é primordial, mesmo estando em "extinção", pois, em sua maioria, se tratam de mulheres mais idosas, trazendo para esse grupo, de novo, a responsabilidade perante a cura (que no imaginário popular, muitas vezes fica associado a figura do masculino) trazendo para o matriarcado a devida importância e protagonismo, em paralelo com o renascimento massivo de círculo de mulheres curandeiras (sagrado feminino) que vemos na atualidade.
  Práticas ancestrais são atemporais, sendo seus ensinamentos e práticas eternas a condição humana, não importando a época presente, passada ou futura, a roupagem que da sustenção se altera, mas o fenômeno em si é atemporal e imutável.

Viva as Benzedeiras !
Viva as Curandeiras !
Viva ao Sagrado Feminimo!
Viva a Ancestralidade!
Concentração em Homenagem aos Orixás
A imagem pode conter: texto
Contamos com a presença de todos nessa linda celebração, dentro dos estudos de religiões afro-brasileiras da Irmandade Polimata, em busca de conhecimento, realização e liberdade espiritual em nosso caminho.
Buscando essa conexão junto ao nosso tão amado e querido guerreiro Ogum, e pedindo humildemente a Sua proteção e auxílio em nossas vidas.
Cantando, nos reverenciando e saudando essa linda força.
Salve nosso Pai Ogum!

Diferente do Ritual dos Orixás, na concentração em homenagem aos Orixás não haverá a consagração da Ayahuasca.
Esse evento será gratuito e aberto à todos os públicos, com duração de aproximadamente três horas.


Saiba mais sobre nossos rituais aos Orixás >>
www.ordempolimata.com.br/ritual-orixas-campinas
tpcampinas.blogspot.com.br

LOCAL E INFORMAÇÕES
Templo Polimata Campinas - SP
Rua Amélia Rodrigues de Figueiredo, 850
(antiga rua Peroba pelo Waze)
- Chácara Vale das Garças - Campinas
Telefone do Templo: (19) 3287-1287
(11) 99801-6255 (WhatsApp)
Aula de Música antes do Satsanga a Sri Gaura Nitai com Ayahuasca no Templo Polimata De Campinas 
24/03/18
 — com Victor Veiga

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terça-feira, 13 de março de 2018

Todas as Glórias à Śrī Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!
Todas as Glórias à Śrī Mahādeva!
Todas as Glórias à Śrī Bhagavan!
Todas as Glórias à Śrī Śakti Devī!
Todas as Glórias à ŚŚrī Gaura-Nitai!
Śrī Śrī Gaura-Nitai.
Neste mês de março, nos Templos Polimata, celebraremos o auspicioso festival Gaurapūrṇimā em nosso Satsaṅga. Trata-se do advento (aparecimento) de Śrī Caitanya Mahāprabhu (श्रीचैतन्यमहाप्रभु), Santo cujo nome pode ser livremente traduzido do sânscrito como “Grande Mestre da Consciência Universal”, considerado um avatāra (encarnação divina) de Śrī Kṛṣṇa.

A representação Divina que preside a celebração em questão é Śrī Gaura-Nitai (श्रीगौरनितै), a grande manifestação do processo devocional (bhakti yoga) da tradição Vaiṣṇava, a linha espiritual que, dentro do incontável conjunto de tradições que compõem o que conhecemos hoje por hinduísmo, realiza o caminho de Śrī Viṣṇu.

Trata-se de uma Deidade dupla, composta por Śrī Gaura, um dos muitos nomes do Senhor Caitanya, cujo significado é “dourado”, devido à tom cintilante de sua cútis; e Śrī Nitai, abreviação de Nityānanda, onde ”nitya” significa eterno e “ānanda”, prazer.

Śrī Nityānanda nasceu filho de pais virtuosos, o brāhmaṇa Hadai Paṇḍita e a Senhora Padmāvatī, em 1474, na cidade de Ekacakra, no estado de Bengala Ocidental, Oeste da Índia. É considerado uma expansão de  Śrī Balarāma, irmão de Śrī Viṣṇu.

Ainda muito novo, demonstrava grande talento nos cânticos devocionais (bhajanas) e já aos 13 anos de idade, deixou Sua casa para acompanhar o sábio Lakṣmīpati Tīrtha em peregrinação, que eventualmente acabou iniciando-O.

A partir desta experiência, pôde associar-Se com outros célebres discípulos de Seu guru, como Śrī Mādhavendra Purī, Śrī Advaitācārya e Śrī Iśvara Purī, mestre espiritual do Senhor Caitanya.

Śrī Caitanya Mahāprabhu – conhecido também como Śrī Gaurāṅga, “corpo dourado”, e Śrī Nimai, “nascido sob a árvore nīma” – personifica o devoto perfeito, uma vez que possui combinadas tanto as qualidades do Senhor Kṛṣṇa, a própria manifestação de Deus, como dAquela que é capaz de amá-Lo com absoluta perfeição, Sua śakti e maior devota, Śrīmatī Rādhā.
Senhor Caitanya em êxtase devocional.
Desceu, pois, a este plano material com a missão específica de resgatar o processo devocional, que encontrava-se em franca decadência na presente Kaliyuga – a era da escuridão.

Considerando as palavras de Śrī Kṛṣṇa à Arjuna, no Bhagavad Gītā, Capítulo 4, Verso 7:

यदा यदा हि धर्मस्य ग्लानिर्भवति भारत  
अभ्युत्थानमधर्मस्य तदात्मानं सृजाम्यहम् ॥७॥ 
 
yadā yadā hi dharmasya glāniḥ bhavati bhārata
abhyutthānam adharmasya tadā ātmānam sṛjāmi aham 7

“Sempre e onde quer que haja um declínio na prática religiosa, ó descendente de Bhārata, e uma ascensão predominante da irreligião – aí, então, Eu próprio faço Meu advento.”

O Avatāra Dourado apareceu no ano de 1486, às margens da Mãe Gāṅgā, em Navadvīpa, também no estado de Bengala Ocidental. Uma cidade muito próspera, composta por uma sociedade altamente erudita, mas que com a entrada de Kaliyuga, foi tomada por uma crescente mentalidade materialista, que afundava seus cidadãos no orgulho e, consequentemente, afastava-os do Supremo.

Contudo, ainda havia um pequeno grupo que se mantinha firmemente posicionado no serviço religioso, liderado por uma figura dotada de grande compaixão, o sábio Śrī Advaitācārya. Este, era um grande expoente em jñāna (conhecimento), vairāgya (desapego) e bhakti (devoção) e diariamente, incluía em suas preces à Śrī Kṛṣṇa o pedido sincero para que o Mesmo descesse à este plano e libertasse a sociedade de seu sofrimento.

Śrī Advaitācārya em suas oblações à Śrī Kṛṣṇa.
Tamanha a pureza e devoção de Śrī Advaitācārya que, em uma noite de eclipse lunar no mês Phalguna, Viśvambhara – nome de nascimento de Śrī Caitanya – abrolhou do ventre de Śrī Śacī, virtuosa esposa de Śrī Jagannātha Miśra, compassivo e elevado brāhmaṇa.

Tal a profunda beleza do ocorrido acima, que noites que apresentam este fenômeno astronômico são consideradas altamente auspiciosas na tradição hindu. Assim é, pois, conforme explicado previamente em nossa última postagem, a Lua é tida como a representação da alma em interação com a matéria, uma vez que a mesma não emite luz própria, mas sim o reflexo da luz de Sūrya (o Sol). Consequentemente, é também a Deidade que governa a mente humana, representando o ego.
 
Desta maneira, um eclipse lunar representa a manifestação da Consciência Divina face a mente mundana, deturpada pela ilusão. Sendo assim, a tradição leva todos a encaminharem-se para as margens dos rios sagrados, para banharem-se enquanto glorificam o Supremo através de cânticos.
 
Portanto, Śrī Gaurāṅga tornou-Se manifesto neste planeta em uma noite de grande demonstração devocional, que envolvia a entoação pública e coletiva dos Santos Nomes. Algo que, mais tarde, se revelaria um de Seus maiores ensinamentos.

A priori, o jovem Viśvambhara priorizada os estudos acadêmicos, principalmente a língua sânscrita. Todavia, após uma viagem à cidade de Gayā, conheceu Seu guru, Śrī Iśvara Purī, por quem é iniciado.

Ao retornar à sua cidade natal, impressiona a todos com Sua transformação, de erudito em devoto de grande fé, assumindo naturalmente o comando do grupo vaiṣṇava de sua região.

Agora, conhecido como Nimai Paṇḍita (um título escolástico), funda uma escola de kīrtana, onde ensinava pregação, cânticos e danças congregacionais, expressando toda a sorte de sentimentos religiosos. Foi quando associou-Se de fato com Śrī Nityānanda e passou a orientar Seus irmãos espirituais a pregar pelas ruas do distrito de Nadia, resgatando os cantos do nome do Senhor Hari e (re)convertendo multidões.

Aos 24 anos de idade, tomando o voto de saṃnyāsa de Śrī Keśava Bhāratī (a renúncia ao mundo material e dedicação integral à vida espiritual), é batizado como Śrī Kṛṣṇa Caitanya e decide partir em peregrinação, acompanhado de Seus associados mais próximos, o conjunto de Santos que forma o Pañcatattva – pañca significa ”cinco“, e tattva, “verdade” – que representa os cinco aspectos de Deus dentro da presente linha vaiṣṇava.

O Pañcatattva é formado por:

-       Śrī Caitanya: o Próprio Deus em forma de devoto;
-        Śrī Nityānanda: a expansão plenária de Deus em forma de devoto;
-        Śrī Advaitācārya: a encarnação de um devoto;
-        Śrī Gadādhara Paṇḍita: e energia da Devoção;
-        Śrī Śrīvāsa Thakkura: o devoto puro.

Assim, não há diferença alguma entre os cinco Santos mencionados acima. Refletem, pois, diferentes humores da mesma personalidade de Deus, que regozija-Se em cinco passatempos (līlās) distintos simultaneamente.
O Pañcatattva, Śrī Advaita,  Śrī Nitai, Śrī Gaura, Śrī Gadādhara e Śrī Śrīvāsa.
Abaixo, reverências às Verdades manifestadas que traduzem os exposto acima, presentes na famosa escritura que narra a biografia do Avatāra Dourado, a Caitanya-Caritāmṛta, em Ādi Līlā 7.6:

पञ्चतत्त्वात्मकं कृष्णं
भक्तरूपस्वरूपकम्
भक्तावतारं भक्ताख्यं
नमामि भक्तशक्तिकम्

pañca-tattvātmakaṁ-kṛṣṇaṁ
bhakta-rūpa-svarūpakam

bhaktāvatāraṁ-bhaktākhyaṁ
namāmi bhakta-śaktikam

“Ofereço minhas reverências ao Senhor Kṛṣṇa, que manifestou-Se em cinco, como um devoto, como a expansão de um devoto, como a encarnação de um devoto, como um devoto puro e como a energia devocional.”

Por conseguinte, Śrī Nimai passou os 24 anos seguintes de sua vida – até seu desaparecimento, com então 48 anos – pregando o serviço devocional desapegado ao Senhor Supremo através do processo de saṅkīrtana, conforme descreveu no  Śrī Śikṣāṣṭakam, versos 1 e 3, respectivamente:

चेतोदर्पणमार्जनं भवमहादावाग्निनिर्वापणं
श्रेयःकैरवचन्द्रिकावितरणं विद्यावधूजीवनम्
आनन्दाम्बुधिवर्धनं प्रतिपदं पूर्णामृतास्वादनं
सर्वात्मस्नपनं परं विजयते श्रीकृष्णसङ्कीर्तनम्

ceto-darpaṇa-mārjanaṁ bhava-mahā-dāvāgni-nirvāpaṇaṁ
śreyaḥ-kairava-candrikā-vitaraṇaṁ vidyā-vadhū-jīvanaṁ
ānandāmbudhi-vardhanaṁ prati-padaṁ pūrṇāmṛtāsvādanaṁ
sarvātma-snapanaṁ paraṁ vijayate śrī-kṛṣṇa-saṅkīrtanaṁ

“Glórias ao Śrī Kṛṣṇa-saṅkīrtana, que remove do espelho o do coração toda a poeira que se acumulou e extingue o fogo da vida condicionada. Este movimento de saṅkīrtana é a principal bênção para toda a humanidade em geral, porque espalha os raios da lua da bênção. É a vida de todo o conhecimento transcendental. Ele aumenta o oceano do êxtase transcendental, banha o eu de todos, e capacita-nos a saborear completamente o néctar pelo qual sempre ansiamos.”
तृणाद् अपि सुनीचेन
तरोर् अपि सहिष्णुना
अमानिना मानदेन
कीर्तनीयः सदा हरिः

tṛṇād api sunīcena
taror api sahiṣṇunā
amāninā mānadena
kīrtanīyaḥ sadā hariḥ

“O Santo nome do Senhor deve ser cantado em um estado de espírito humilde, considerando-se inferior à palha na rua, deve-se ser mais tolerante do que uma árvore, destituído de todo sentimento de falso prestígio, e deve-se estar pronto para oferecer todo o respeito aos outros. Em tal estado de espírito, pode-se cantar o nome do Senhor constantemente.”
 
Escolheu, pois, o que veio a se tornar o Mahāmantra Harekṛṣṇa (citado e traduzido mais abaixo) como principal veículo da manifestação devocional. Tal escolha se deu por sua origem transcendental, que ultrapassa os níveis inferiores da consciência, elevando aquele que o pronuncia a uma plataforma espiritual superior.

Antes de instalar-Se definitivamente em Jagannātha Purī, viajou por diversas cidades da Índia. Especialmente em Vṛndāvana, orientou os famosos Seis Gosvāmīs – Rūpa, Sanātana, Raghunātha, Jīva, Gopala Bhaṭṭa e Raghunātha Dāsa – a sistematizar Sua doutrina.
Os Seis Gosvāmīs de Vṛndāvana.
Filosoficamente, a grande contribuição do Senhor Caitanya reside na combinação de distintos pontos relacionados à conceitos, preceitos e práticas doutrinárias, de diferentes sampradāyas – escolas que subdividem a tradição vaiṣṇava, cujos distingues serão aprofundados em uma postagem futura.

As quatro grandes sampradāyas vaiṣṇavas chamada ”autorizadas” são:

-       Mādhava Gauḍīya, ou Brahmā Sampradāya;
-        Rāmānuja, ou Śrī Sampradāya;
-        Viṣṇusvāmī, ou Rudra Sampradāya;
-        Nimbārka, ou Kumāra Sampradāya.

Os principais pontos de debate entre as escolas jazem na Deidade central que é adorada por cada uma delas e, consequentemente, nas diferentes relações entre o Criador e suas criaturas, considerando o critério dos termos de unidade (igualdade) e/ou diferença entre Deus, as almas e suas criações – como prakṛti (matéria), por exemplo.

Visto isso, Śrī Gaurāṅga fundou uma nova linhagem: a Gauḍīya Sampradāya, tradição da qual, posteriormente, na década de 1920, surgiu a ordem monástica Gauḍīya Maṭha, precursora do que conhecemos hoje por Movimento Harekṛṣṇa.

A Gauḍīya Sampradāya fundamenta-se na filosofia Acintyabhedābheda, onde “acintya” significa inconcebível, “bheda”, diferença e “abheda”, não-diferença. Portanto, tendo em vista os critérios de classificação dos conceitos de igualdade e/ou diferença entre as almas e Deus, o presente sistema filosófico considera que o Supremo, diante de sua insondável natureza transcendental, é ao mesmo tempo, e de maneira inconcebível (acintya), diferente (bheda) e igual (abheda) às Suas criações.

Portanto, a energia de ŚŚrī Gaura-Nitai personifica o amor transcendental, que ilumina nossos corações através da bondade que reside nas ações realizadas em desapego, e da elevação de nossa consciência por meio da manifestação devocional por meio de mantras e canções, diante de uma era de ilusão e escuridão, que demanda entrega sincera ao verdadeiro serviço amoroso de Deus.

Invocações Mântricas Para o Ritual 

पञ्चतत्त्व मन्त्र
Pañcatattva mantra – invocação às 5 verdades do Senhor, personificados nos Santos mencionados anteriormente. Este deve ser entoado antes do  Mahāmantra Harekṛṣṇa, aludindo à linha devocional da Gauḍīya Sampradāya.

(जै) श्रीकृष्णचैतन्य प्रभुनित्यानन्द श्रीअद्वैत गदाधर श्रीवासादिगौरभक्तवृन्द

(jai) śrī-kṛṣṇa-caitanya prabhu-nityānanda śrī-advaita gadādhara śrīvāsādi-gaura-bhakta-vṛnda

Reverências à Śrī Kṛṣṇa Caitanya, Śrī Nityānanda, Śrī Advaita, Śrī Gadādhara Paṇḍita, ŚŚrīvāsā Thakkura e à todos os devotos do Senhor Gaura.

हरेकृष्ण महामन्त्र
Harekṛṣṇa Mahāmantra (“o grande mantra Harekṛṣṇa”)

हरे कृष्ण हरे कृष्ण
कृष्ण कृष्ण हरे हरे ।
हरे राम हरे राम
राम राम हरे हरे ॥
 
hare kṛṣṇa hare kṛṣṇa
kṛṣṇa kṛṣṇa hare hare

hare rāma hare rāma
rāma rāma hare hare

Clamo pela śakti d’Aquele que é o Todo-Atraente.
Clamo pela śakti d’Aquele em que todos encontram a felicidade. *

* Obs.: As traduções dos mantras variam de tradição para tradição. Neste caso,  tradução acima foi concebida a partir do pensamento da tradição Gauḍīya Vaiṣṇava.

Todas as Glórias à Śrī Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!

Todas as Glórias à Śrī Śrī Gaura-Nitai!

Minhas mais humildes, sinceras e profundas reverências,

Yuri D. Wolf