Com uma alfange na cintura, instrumento de corte de cereais e ervas, tipicamente relacionado à colheitas e figuras que ceifam a vida, a senhora dos mortos e dos eguns não é relacionada ao companheirismo com Ogum e Xangô por acaso.
Iansã se irradia principalmente através do elemental ar, que rege os campos da Lei Divina, nos quais polariza com Ogum de forma eólica e espiralada. Essa irradiação tem o condão de sugar e magnetizar o ser que precisa ser redirecionado para a senda dentro da Lei, consumindo e esgotando a carga negativada daqueles perdidos em vícios e insensibilidade. Dessa forma, coloca-os dentro de um redemoinho ou um furacão, de acordo com a necessidade de cada um, e depois devolve-os para a linha reta traçada por Ogum para que cada ser alcance sua evolução.
Também em parceria, trabalha com Xangô de forma assentada, imutável, através do elemento fogo, regendo os campos da Justiça, companheira inseparável da Lei. A Lei Divina, sob a tutela de Iansã, nao é punitivista ou vingadora despropositadamente, mas direcionadora e revitalizadora. Nesse aspecto, temos o magnetismo que se manifesta na natureza como as tempestades. Quando companheira de Xangô, é a Senhora dos Raios.
Os
relâmpagos e trovões tutelados por essa Orixá simbolizam uma carga energética
de fogo e luz vindo em grande densidade do plano divino, podendo ser entendidos
como uma das vozes de Deus em sua cólera e poder
destrutivo e fulminante, mas também
como indicativo de que a Justiça reina na terra e se comunica com os
céus, uma vez que o raio, tecnicamente, surge da terra e e aí sim sobe para a
atmosfera.
É preciso conceber a idéia de Justiça
implacável sem desconsiderar que Iansã, ainda que guerreira, de ação súbita,
capaz de descargas violentas de energia, ainda é uma das Mães divinas e portanto a todos ampara debaixo de seu
magnetismo. Ela lança grandes quantidades de energia da mesma forma que o machado de
Xangô, que possui dois gumes, duas polaridades, uma que destrói e outra
que transforma. Da mesma maneira que o
vento se forma na terra habitada fazendo subir o ar quente e velho e trazendo
ar novo e fresco, também o raio movimenta finais e inícios sagrados.
Comumente
ligada ao bisão (animal também conhecido como
búfalo), em sua forma animal representa a coragem
feminina, impetuosidade, força de ataque e fartura. A mulher-búfalo também é aquela possuidora de chifres, e que assim porta igualmente um dos maiores
simbolos de nobreza, divindade, energia, força de comando e sacríficio
divino.
Quando
não representada como animal, carrega o chifre de búfalo na cintura, de maneira
que esse aspecto de sacrifício divino, destruição de negatividades e
coragem para faze-la são os aspectos que
possivelmente podem ser trabalhados quando se é irradiado por Iansã. Também ela
tem o condão mágico de nos elucidar a respeito do que é a Lei Divina e
sua justiça, uma vez que não raro acontece de nossa concepção do justo ser
diferente daquela referida pelo divino.
Texto: Beatriz Mazzini
Texto: Beatriz Mazzini
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