XANGÔ
Não se pode falar em Xangô sem que antes se faça uma apertada síntese sobre aquilo que se entende sobre karma e dharma. Karma, essencialmente, significa ação, e para essa linha de pensamento vamos considerar que o karma é uma ação que gera uma reação negativa, de modo simplificado. Por sua vez, o dharma é uma ação que contribui para a evolução de um espírito e do coletivo.
O trono divino comandado pelo orixá Xangô é o da Justiça, e seus elementos são Terra e Fogo. Esse primeiro elemento é seu pois está relacionado a plantio e colheita, ou seja, à imagem de ação e reação que relacionamos à esse trono, aqui representada pela semente jogada na terra que irá gerar uma semeadura e, posteriormente, sua colheita. Diretamente relacionado com o mundo mineral, que simboliza a firmeza e determinação dos rochedos, também esse elemento representa as pedreiras sob as quais Ele se assenta e de onde comanda sua balança divina.
É
notório que a razão sempre se relacionou com esse instrumento, que ostenta
estreitamente a força do equilibrio e da eqüidade, consequencias diretas da
aplicação da Justiça Divina, e por isso representa com excelencia a atuação
desse orixá. Cada ação do ser humano, sendo ela kármica ou dhármica, é
transformada em uma pedra de peso equivalente e colocada por Xangô no lado
correspondente à ação humana, ao passo que uma pedra de igual peso é colocada
no outro, representando a reação do universo que mantém o equilibrio e a
paridade no cosmos. Dessa forma, a balança está sempre equilibrada
de forma neutra, e as pedras colocadas no lado da atuação reativa divina
atingirão aquele ser como um raio.
O
raio, também ligado a Ele, da mesma forma
como acontece com Iansã, representa uma ação divina fulminante que destrói e
transforma ao mesmo tempo, misto de luz e fogo.
Ligado a purificação, renovação e consequencia divina, a fogueira de Xangô é
popularmente lembrada na forma sincrética que o orixá tem no Brasil com São
João. Nos meses de junho, são acendidas fogueiras para que, assim como nas
festas católicas, esse elemento seja lembrado, louvado e celebrado.
Sua
outra ferramenta é o machado de dois gumes,
conhecido como Oxê, esse também representando a neutralidade e polaridade das ações
humanas e da reação divina. As laminas do Oxê são iguais para os dois
lados, o que denota que apesar de Ele ser o grande Senhor da Justiça, não
possui a qualidade de julgamento da forma humana como a conhecemos, no sentido
de fazer juízos de valor de forma mesquinha. Sendo dessa forma, aqueles
irradiados sob sua proteção jamais conhecerão o sabor de sofrer uma injustiça, ainda
que isso nao fique claro em todos os momentos da trajetória de um indivíduo, e
por esse motivo a fé do filho de Xangô deve permanecer inabalável e, ainda que
ele não enxergue todo o desenlace de uma história, deve confiar nos olhos dEle.
Estando dentro do campo vibracional regido por uma lei suprema, o indivíduo terá suas faltas igualmente contabilizadas, pois esse orixá é mestre em ensinar o discernimento e manter seus filhos dentro da linha da evolução. Ele assim o faz demonstrando claramente a consequencia de cada ato realizado e que, para ser beneficiário da Justiça, é preciso também se submeter a ela de forma igual, afastando de toda sorte a hipocrisia de cobrar aquilo que não se oferece.
Estando dentro do campo vibracional regido por uma lei suprema, o indivíduo terá suas faltas igualmente contabilizadas, pois esse orixá é mestre em ensinar o discernimento e manter seus filhos dentro da linha da evolução. Ele assim o faz demonstrando claramente a consequencia de cada ato realizado e que, para ser beneficiário da Justiça, é preciso também se submeter a ela de forma igual, afastando de toda sorte a hipocrisia de cobrar aquilo que não se oferece.
Assim
como Oxossi, em alguns momentos Xangô é representado com um leão ao seu lado. Nesse momento, o rei da selva
representa a sua força, sabedoria,
nobreza e autoridade máxima, pois, assim como no reino animal ninguém está
acima do leão, também na vida ninguém é maior do que as leis de Deus. Por outro
lado, da mesma forma como ocorre no
arquétipo da Força no tarot, Xangô é capaz
de amansar o leão dentro de cada um de nós. Aquele que, quando se sente
injustiçado, pode perder o temperamento calmo, rugindo internamente numa
demonstração desequilibrada dessa qualidade de força, mas que, quando aliado ao
Pai, pode recuperar sua calma e establidade para agir de forma sábia e
justa, confiando e se entregando a intercessão divina do orixá.