Todas as Glórias à śrīla Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!
Todas as Glórias à śrī Mahādeva!
Todas as Glórias à śrī Bhagavan!
Todas as Glórias à śrī Śakti Devī!
Śrī Śiva e śrī Pārvatī formam o casal que representa o equilíbrio cósmico entre o espírito e a matéria.
A história deste casal divino começa com o casamento de śrī Śiva com śrī Satī (cujo nome remete à Verdade Suprema, em sânscrito), primeira encarnação de śrī Śakti Devī, a potência feminina absoluta universal.
Śrī Satī encarnou como uma devota de śrī Śiva, com a missão de desposá-lo, trazendo-o de volta de seu profundo estado meditativo. Tinha por objetivo gerar com Ele um ser capaz de derrotar o demônio Tārakasura, que vinha gerando um desequilíbrio dhármico a partir de seus grandes poderes, oriundos de uma bênção concedida por śrī Brahmā, após uma série de sacrifícios.
Ela é também conhecida como Dākṣāyaṇi, “filha de Dakṣa”. Este, por sua vez, foi um famoso governante, filho de śrī Brahmā, e responsável pela procriação humana neste plano, a partir da criação de seu pai.
Śrī Satī, então, assume sua responsabilidade dhármica e se coloca aos pés de śrī Śiva como sua serva, renunciando à vida de princesa. Seus esforços são reconhecidos quando śrī Mahādeva questiona Sua pretendente sobre o que Ela busca n’Ele, um asceta que nada tem a oferecer, e Ela responde que nada deseja, a não ser Ele Mesmo.
Entretanto, Dakṣa, que era conhecido por sua arrogância, não aprova o casamento de sua filha mais nova junto a alguém que não vivia de acordo com as normas sociais da época, um eremita.
Agindo através de seu falso ego, Dakṣa anunciou um grande yajña (sacrifício ritualizado), convidando toda a criação, exceto sua filha e seu companheiro. Ao tomar conhecimento, śrī Satī é envolvida por uma grande ansiedade, que a conduz direto ao palácio do pai.
Ao chegar na corte, deparou-se com sábios, deuses e demais seres elevados reunidos junto ao fogo sagrado do yajña. Notou, porém, que ninguém parecia se importar com sua presença. Discutiu calorosamente com seu pai Dakṣa e compreendeu que o ritual objetivava a difamação da figura divina de śrī Śiva.
Tomada pela vergonha da desonra de ter um pai com a mentalidade tão limitada, orou para que, num futuro nascimento, fosse abençoada com um pai que Ela pudesse respeitar. Assim, atira-Se no fogo, suicidando-se. Furioso e desolado, śrī Śiva pune severamente todos os envolvidos e se isola no topo do monte Kailāsa, nos Himalayas.
Tal processo de reclusão do Auspicioso Senhor se fez uma brecha muito oportuna à Tārakasura, que intensifica seu litígio de terror.
Assim, o processo de aproximação de śrī Śakti Devī junto ao Senhor Śiva toma uma nova direção, seguindo a lógica da constante transformação que Ela representa.
Novamente, a Grande Mãe encarna. Desta vez, em uma família dedicada ao serviço devocional para śrī Śiva, nasce como filha de Himavat (a personificação dos Himalayas) e da Rainha Mena, com o nome de Pārvatī, a “Senhora da Montanha”.
Desde muito nova, śrī Pārvatī dedicava-se intensamente ao serviço devocional de śrī Śiva. Quando um pouco mais velha, sentia que Seu objetivo era alcançar os pés de lótus do Senhor como Sua esposa. Todavia, śrī Mahādeva ainda encontrava-se em profunda meditação e não percebia os esforços da jovem Śakti encarnada.
Receosos com o crescente poder de Tārakasura, os Devas enviam śrī Kāmadeva (o deus do “amor sensual”) para ajudar śrī Pārvatī através de suas flechas do desejo. Todavia, śrī Kāma não obtém sucesso e ainda acaba sendo pulverizado por śrī Tryambakam através de seu terceiro olho. A tentativa de conquista mal sucedida afasta ainda mais śrī Śakti Devī de Seu amado.
Depois de diversas tentativas relacionadas à conquista amorosa, śrī Pārvatī realiza, com a ajuda e Nārada Muni, que o caminho para os pés de lótus de śrī Śiva é o processo devocional ascético. Assim, abandona sua vida de conforto e riqueza e passa a realizar sacrifícios (tapasya) duríssimos, superando os mais avançados ascetas, tomando para Si o controle de seu corpo e sua mente, elevando-Se ao padrão de Seu amado.
As austeridades executadas por śrī Annapūrṇa (outro dos muitos nomes de śrī Pārvatī, que remete à abundância) geraram um massivo volume de energia e calor, que alcançam śrī Mahādeva e o despertam. Impressionado com os feitos de Sua pretendente, imediatamente A aceita como sua consorte. Casaram-se numa magnífica celebração, que é lembrada anualmente até os dias de hoje, no Māhaśivarātri.
Assim, uma das interpretações da União contada acima, é que esta representa a importância do equilíbrio entre puruṣa (espírito) e prakṛti (matéria) dentro do caminhar espiritual.
Śrī Śiva (“o Auspicioso”, em sânscrito) representa a transcendência do Ser, a renúncia à vida material da qual floresce o espírito livre do sadhaka (caminhante). Śrī Pārvatī personifica o processo de cit (a Consciência), em constante transformação, se eleva pelo amor, pelo trabalho e pelo dharma, retornando ao Infinito.
Invocações mântricas para o ritual:
गायत्री
gāyatrī (métrica védica de 24 sílabas, usualmente utilizada na invocação das Deidades)
महामृत्युंजय मन्त्र
mahāmṛtyuṃjaya mantra (mantra da grande superação da morte)
ॐ त्र्यम्बकं यजामहे सुगन्धिं पुष्टिवर्धनम् ।
उर्वारुकमिव बन्धनान्मृत्योर्मुक्षीय मामृतात् ॥
oṃ tryambakam yajāmahe sugandhim puṣṭivardhanam ।
urvārukamiva bandhanān mṛtyormukṣīya māmṛitāt ॥
Reverenciamo-nos ao Senhor de Três Olhos, cuja fragrância alimenta e nutre todos os seres.
Como o pepino amadurecido – com a intervenção do jardineiro – é liberado de seu cativeiro, que Ele possa nos liberar da morte, guiando-nos à imortalidade.
पञ्चाक्षरीमन्त्र
pañcākṣarīmantra (mantra das 5 sílabas sagradas)
ॐ नमः शिवाय
oṃ namaḥ śivāya
Reverencio-me ao Auspicioso.
Nosso Satsang com Ayahuasca à śrī Śiva e śrī Pārvatī acontece no próximo sábado, dia 25/03, no Templo Polimata em Campinas, a partir das 19h.